Gênero, raça e classe na produção social da loucura
DOI:
https://doi.org/10.29327/2193997.6.1-4Palavras-chave:
loucura, gênero, raça, classe, patologizaçãoResumo
O presente trabalho visa tratar da loucura sob uma perspectiva crítica e interseccional, objetivando avaliar de que maneira elementos de gênero, raça e classe foram significativos para a definição do conceito de loucura a partir do movimento higienista do século XIX. A importância do tratamento da referida matéria se dá, primeiramente, pelo fato de que o gênero, a raça e a classe são fatores ainda hoje invisibilizados na compreensão do “louco”, em especial no âmbito jurídico. A relevância da abordagem se manifesta, também, em virtude de ainda se manter viva, nos dias atuais, a patologização das diferenças. Quanto ao objetivo proposto, a metodologia da pesquisa aqui eleita é do tipo explicativa, direcionada a desvendar as razões de o público-alvo dos hospitais de custódia diferir pouco daquele selecionado pelo Estado para compor seu cárcere. Portanto, trabalha-se com a seguinte hipótese “o projeto de reurbanização da belle époque nos legou uma política de segregação da diferença, direcionada a encarcerar representatividades de gênero, raça e classe não majoritárias, ainda que pela justificativa do cuidado e tratamento em hospitais”.
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