Contra a mediocridade, contra o identitarismo

uma contribuição para o debate público e acadêmico nacional

Palavras-chave: identitarismo, anti-institucional, mediocridade brasileira

Resumo

No Brasil, o identitarismo é uma influente corrente de opinião amplamente propagada nas universidades e na imprensa. Ele é tão enraizado na cabeça de professores e jornalistas que suas premissas e sua agenda política parecem constituir um tipo de cultura, um vocabulário bastante difundido que define a maior parte dos debates públicos. Esse texto tem dois objetivos. Primeiro, criticar os movimentos identitários mostrando algumas de suas premissas e performances e os associando à mediocridade nacional: uma tendência histórica das elites de manter o povo brasileiro em um baixo nível de qualificação, capacitação e prosperidade. Os aspectos do identitarismo que o tornam uma extensão e uma atualização da mediocridade são seus conteúdos anti-institucional e antinacional. O segundo objetivo desse texto é apontar para o centro dos problemas nacionais, acintosamente ignorado pelos identitários brasileiros, no modo como as instituições são imaginadas e desenhadas. Se nossas intuições e nossos argumentos estão certos, o principal tópico de uma agenda de debate público nacional deve ser eliminar a mediocridade, e não a perpetuar, soerguendo uma ideia de nação por meio de um volumoso engajamento em imaginar e construir instituições.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Carlos Sávio Teixeira, Universidade Federal Fluminense

Professor Associado do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal Fluminense (UFF) e Doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP). Estuda o pensamento social e político contemporâneo, dando ênfase no trato da dimensão institucional. E dedica-se também à análise do pensamento especificamente brasileiro e da sociedade brasileira contemporânea.

Tiago Medeiros, Instituto Federal da Bahia

Doutor em Filosofia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Professor do Instituto Federal da Bahia (IFBA).

Referências

ALMEIDA, Sílvio. Racismo Estrutural. São Paulo, Pólen Livros, 2019.

ANDERSON, Perry. Nas Trilhas do Materialismo Histórico. São Paulo, Boitempo, 2004.

BENJAMIN, César. O Longo Prazo Chegou. O que será do Lulismo quando a bolha estourar? Revista Piauí, Edição 83, agosto de 2013.

BOSCO, Francisco. A Vítima tem sempre razão? Lutas Identitárias e o Novo Espaço Público Brasileiro. Rio de Janeiro, Todavia, 2017.

CASTORIADIS, Cornelius. A Instituição Imaginária da Sociedade. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1982.

EISENSTADT, Shmuel. As grandes revoluções e as civilizações da modernidade. Lisboa, Ed. 70, 2006.

FOUCAULT, Michel. Les mots et les choses:une archeologie de las sciences humaines. Paris, Gallimard, 1966.

FOUCAULT, Michel, Surveiller et punir: Naissance de la prision. Paris, Gallimard, 1975.

HINTZE, Hélio. (org.) Desnaturalização do machismo estrutural na sociedade brasileira. Epub. Paco Editorial, 2020.

MERQUIOR, José Guilherme. Foucault ou O Niilismo de cátedra. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1985.

MOUFFE, Chantal. The Return of the Political. New York, Verso, 1993.

NISBET, Robert. The Social Philosophers Community & Conflict in Western Thought. Toronto, Thomas Crowell Company, 1973.

OLIVEIRA VIANNA, Francisco José. Instituições Políticas Brasileiras. Brasília, Coleção Biblioteca Básica Brasileira do Senado Federal, 1999.

PEDRA, Caio Benevides. Direitos LGBT: a LGBTfobia estrutural e a diversidade sexual e de gênero no direito brasileiro. Curitiba, Appris, 2019.

RAMOS, Alberto Guerreiro. Introdução Crítica à Sociologia Brasileira. Rio de Janeiro, Ed. UFRJ, 1995.

RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro: Formação e Sentido do Brasil. São Paulo, Cia das Letras, 1995.

RISÉRIO, Antonio. Sobre o relativismo pós-moderno e a fantasia fascista da esquerda identitária. Rio de Janeiro, Topbooks, 2019.

TEIXEIRA, Carlos Sávio e MEDEIROS, Tiago. O Construtivismo Institucional e a Democracia Brasileira. Revista de Ciências do Estado, Belo Horizonte, v. 6, n. 2, p. 1-20, 2021.

UNGER, Roberto Mangabeira. Plasticity Into Power: Comparative-Historical Studies on the Institutional Conditions of Economic and Military Success. Cambridge, Cambridge University Press, 1987.

UNGER, Roberto Mangabeira. Social theory: Its situation and its task. New York, Verso, 2004.

UNGER, Roberto Mangabeira. O Direito e o Futuro da Democracia. São Paulo, Boitempo, 2004b.

UNGER, Roberto Mangabeira. Depois do Colonialismo Mental: Repensar e reorganizar o Brasil. São Paulo, Autonomia Literária, 2018.

VAN MIDDELLAR, LUUK. Politicídio. O Assassinato da Política na Filosofia Francesa. São Paulo, É Realizações, 2015.

Publicado
2023-11-14
Como Citar
Sávio Teixeira, C., & Medeiros, T. (2023). Contra a mediocridade, contra o identitarismo. Revista Da Defensoria Pública Do Distrito Federal, 5(2), 35-51. https://doi.org/10.29327/2193997.5.2-3
Seção
Artigos